quarta-feira, 18 de novembro de 2015

§

§§

Lá fora o uma sinfonia incessante de grilos 
se misturam com o doce e melodioso som das ondas quebrando 
suavemente na praia.
Uma brisa suave invade a sala, 
me trazendo lembranças das noites que essa casa se enchia com a sua presença, inebriante.
Hoje só resta o silêncio e a solidão que maltrata e sufoca no peito um grito de dor, uma dor que vem do fundo da alma que está a sangrar.
Fecho meus olhos e deixo meus pensamentos me levar, mas sou traída pelo meu coração, na minha ânsia de te ver novamente, te sinto, te desejo…te chamo.
Meu corpo precisa do teu, sentir teu calor, teu cheiro, ouvir as batidas do teu coração, dedilhar tua pele quente deixando o rastro das minhas digitais.
Sentir teu gosto em minha boca... saudade incontrolável de ouvir tuas obscenidades sendo sussurradas ao pé do ouvido no meio da noite, desejando meu corpo, me tomando como a única em tua vida, me amando como se fosse a última vez.
Um violento trovão me puxa para a realidade, me vejo absolutamente sozinha a taça de vinho vazia, e as lembranças me rondando como se quisessem me dizer que tentar esquecer você é absolutamente impossível, e que não há no mundo se quer outro que possa ocupar o lugar que já foi seu.
Pois não há outro sorriso como o teu, outro olhar apaixonado que trocávamos, outro beijo de reencontro depois de um longo tempo sem nos ver, outro abraço que tenha o encaixe perfeito para meu corpo.
Tudo isso é só teu. E é justamente tudo isso que eu quero de volta para mim e para sempre em minha vida.

Te amo hoje, amanhã e sempre.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Sonhos perdidos.


E foi assim...
A mesa estava com pilhas de papéis, lembretes de reuniões, telefone inquieto, quando eu senti uma leve brisa tocar meu rosto, aspirei fundo aquela brisa e nela estava seu perfume.
Foi como um soco no estômago.
Girei minha cadeira para a imensa janela abrindo-a ainda mais, tentando fazer com que entrasse mais daquele perfume, teu perfume.
O desespero tomou conta e veio uma chuva de lembranças, não havia me dado conta que o dia estava cinzento, que uma leve garoa descia preguiçosamente e tocava meu rosto, os pensamentos aos poucos foram serenando, você havia estado em meus sonhos na noite passada e deixou sua marca em minha alma.
Foi um sonho tão real, que poderia jurar de pés juntos que senti o cheiro da tua pele, o calor do teu abraço, senti teus lábios tocarem os meus, pois, ainda sentia o teu gosto.
Teu sorriso, tua voz... foi tudo real, e um grito sufoca no peito, a distância que se coloca entre nós é cruel e avassaladora, 
Me sinto perdida, pois, sei que logo essa sensação vai embora e é a única coisa que me resta de você, te ter em sonhos nas noites solitárias.
Agonizar na saudade e em prece silenciosas pedir que meu caminho cruze com o seu novamente, e que não haja mais empecilhos, ou distância que possa nos separar.
Eu preciso estar em teus braços nas tardes de inverno chuvosa, por que teu corpo foi feito pensando no meu, o encaixe é perfeito. Eu preciso de você na primavera, pra sentar em um banco, em uma praça qualquer e observar a natureza em nossa volta. Eu preciso de você nas noites de verão, apenas por que você é o único que me faz sorrir, e admira minha beleza, mesmo que eu esteja descalça e com os cabelos desalinhados. Eu te preciso no outono, jogados em um sofá, fazendo planos banais que podem ou não se realizar, por que indiferente de eles acontecerem, teremos a certeza que sempre estaremos juntos, caminhando lado a lado de mãos dadas, nos amando e desejando.

Me pergunto silenciosamente olhando a garoa do fim de tarde, quando que meu sonho se tornará real?

Ainda te amo

§  

domingo, 16 de agosto de 2015

Há dias e dias


Há dias que parecem não ter sido feitos para ti.


Amontoam-se tantas dificuldades, inúmeras frustrações e incontáveis aborrecimentos, que chegas a pensar que conduzes o globo do mundo sobre os ombros dilacerados.

Desde cedo, ao te ergueres do leito, pela manhã, encontras a indisposição moral do companheiro ou da companheira, que te arremessa todos os espinhos que o mau humor conseguiu acumular ao longo da noite.

Sentes o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos momentos seguintes.

Sais à rua, para atender a esse ou àquele compromisso cotidiano, e te defrontas com a agrestia de muitos que manejam veículos nas vias públicas e que os convertem em armas contra os outros; constatas o azedume do funcionário ou do balconista que te atende mal, ou vês o cinismo de negociantes que anseiam por te entregar produtos de má qualidade a preços exorbitantes, supondo-te imbecil. Mesmo assim, admites que, logo, tudo se alterará, melhorando as situações em torno.

Encontras-te com familiares ou pessoas amigas que te derramam sobre a mente todo o quadro dos problemas e tragédias que vivenciam, numa enxurrada de tormentos, perturbando a tua harmonia ainda frágil, embora não te permitam desabafar as tuas angústias, teus dramas ou tuas mágoas represadas na alma. Em tais circunstâncias, pensas que deves aguardar que essas pessoas se resolvam com a vida até um novo encontro.

São esses os dias em que as palavras que dizes recebem negativa interpretação, o carinho que ofereces é mal visto, tua simpatia parece mero interesse, tuas reservas são vistas como soberba ou má vontade. Se falas, ou se calas, desagradas.

Em dias assim, ainda quando te esforces por entender tudo e a todos, sofres muito e a costumeira tendência, nessas ocasiões, é a da vitimação automática, quando se passa a desenvolver sentimentos de autopiedade.

No entanto, esses dias infelizes pedem-nos vigilância e prece fervorosa, para que não nos percamos nesses cipoais de pensamentos, de sentimentos e de atitudes perturbadores.

São dias de avaliação, de testes impostos pelas regentes leis da vida terrena, desejosas de que te observes e verifiques tuas ações e reações à frente das mais diversas situações da existência.

Quando perceberes que muita coisa à tua volta passa a emitir um som desarmônico aos teus ouvidos; se notares que escolhendo direito ou esquerdo não escapas da ácida crítica, o teu dever será o de te ajustares ao bom senso. Instrui-te com as situações e acumula o aprendizado das horas, passando a observar bem melhor as circunstâncias que te cercam, para que melhor entendas, para que, enfim, evoluas.

Não te olvides de que ouvimos a voz do Mestre Nazareno, há distanciados dois milênios, a dizer-nos: No mundo só tereis aflições...

Conhecedores dessa realidade, abrindo a alma para compreender que a cada dia basta o seu mal..., tratarás de te recompor, caso tenhas te deixado ferir por tantos petardos, quando o ideal teria sido agir como o bambuzal diante da ventania. Curvar-se, deixar passar o vendaval, a fim de te reergueres com tranqüilidade, passado o momento difícil.

Há, de fato, dias difíceis, duros, caracterizando o teu estádio de provações indispensáveis ao teu processo de evolução. A ti, porém, caberá erguer a fronte buscando o rumo das estrelas formosas, que ao longe brilham, e agradecer a Deus por poderes afrontar tantos e difíceis desafios, mantendo-te firme, mesmo assim.

Nos dias difíceis da tua existência, procura não te entregares ao pessimismo, nem ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa, que te inspirariam o abandono dos teus compromissos, o que seria teu gesto mais infeliz.
Põe-te de pé, perante quaisquer obstáculos, e sê fiel aos teus labores, aos deveres de aprender, servir e crescer, que te trouxeram novamente ao mundo terrestre.

Se lograres a superação suspirada, nesses dias sombrios para ti, terás vencido mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a Terra se encontra engolfada.

Confia na ação e no poder da luz, que o Cristo representa, e segue com entusiasmo para a conquista de ti mesmo, guardando-te em equilíbrio, seja qual for ou como for cada um dos teus dias.

Sentes o travo do fel despejado em tua alma, mas crês que tudo se modificará nos momentos seguintes.


§§§§

Autor Camilo
Medium Raul Teixeira

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O Defensor


O Defensor

Zezé di Camargo e Luciano



Mais uma vez ele te feriu
E é a ultima vez
Que ele vai por a mão em você
Te machucar, fazer sangrar
Te humilhar, fazer chorar seu coração


Não tenha medo, denuncie
Deixa ele e vem morar comigo
Deixa ele e vem morar comigo


Estou aqui, seu defensor
Eu vim pra te buscar, eu vou te amar
E onde ele bateu, eu vou te beija
Eu só quero curar suas feridas


Não tenha medo, denuncie
Deixa ele e vem morar comigo
Deixa ele e vem morar comigo
Porque eu sou seu anjo
Seu defensor, te amo
E enquanto eu tiver vivo
Eu vou te defender, meu amor
Nunca mais ele vai te bater


Porque eu sou seu anjo
Seu defensor, te amo
E enquanto eu tiver vivo
Eu vou te defender, meu amor
Nunca mais ele vai te bater

§§§§


quarta-feira, 24 de junho de 2015

Nós amamos as mulheres malucas



As equilibradas que me perdoem, mas maluquice é fundamental. 
Queremos mulheres a beira de um ataque de nervos.
Mulheres que cantem bem alto o que querem e dancem sozinhas no meio da sala, girando na frente dos convidados do jantar, logo depois de pedir a eles que se retirem pois “o casal agora vai para o quarto”. 
Queremos mulheres que cuspam na nossa cara as inquietações, as vontades e não-vontades, a maluquice de sempre, porque mulher sem maluquice não é mulher, é um troféu que você esquece no alto da estante.
Mulher tem que ser doida de pedra. 
Mulher que não enlouquece, não embarga a voz, não lacrimeja porque a quirche não ficou boa, o bolo solou, o esmalte borrou. 
Essa a gente prefere olhar de longe, desconfiado.
Aí tem coisa muito errada. Mulher que não soluça em novela mexicana? 
Mulher madura, calma? 
Não, essa não. 
A gente ama é um dramalhão.
Se elas não saem do sério a gente não se sai bem no amor. 
A patricinha montada e sonsa nos cansa e a perfeita elegância das modelos longilíneas e impecáveis nos entedia. 
Queremos unha quebrada. Grito assustado no meio da noite. 
Abraço com lágrimas de “cuida-de-mim”. 
Queremos dizer “não foi nada” quando elas ralarem a lanterna traseira do carro no pilar da garagem.
Quanto mais louca mais linda, mais apaixonante. 
A fragilidade emocional da mulher não edifica uma pseudo-superioridade masculina.
 Essa fragilidade pode ser o combustível da ternura, do afeto. 
Podemos até admirar mulheres duronas, equilibradas, constantes. 
Mas o que nos deixa desnorteados, patetas apaixonados, bobos mesmo, é a mulher maluca. 
Só a mulher maluca é capaz de fazer gato e sapato da nossa vida.
Por isso eu adoro Mabel, a personagem adorável do filme “Uma Mulher sob Influência”, de John Cassavets. Ela é só um exemplo de mulher amada intensamente por ser exatamente o que é – apaixonantemente maluca.


(Escrito por Thiago Lira)

Quando eu li esse texto me identifiquei... não sei por quê...

domingo, 14 de junho de 2015

Bom dia, dor no peito

Bom dia, Dor no Peito

Billie Holiday


Bom dia, Dor no Peito
Minha velha visão sombria.
Bom dia, Dor no Peito!
Achei que tínhamos nos despedido noite passada,
Me virei e revirei e achei que você tivesse ido embora,
Mas, aqui está você, com o alvorecer.
Desejo te esquecer, mas você veio pra ficar.
Parece que te conheci,
Quando meu amor me deixou.
Agora, todo dia eu paro, e bato um papo contigo.
Bom dia, Dor no Peito, quais são as novas?

Pare de me assombrar agora.
Não consigo dispersar você.
Apenas me deixe em paz.
Eu fiquei com essas segundas-feiras melancólicas,
Que desembocam direto em tristes domingos.
Bom dia, Dor no Peito
Aqui vamos nós.
Bom dia, Dor no Peito!
Você é aquela
Que me conhece bem.
Poderíamos dar umas voltas por aí.
Bom dia, Dor no Peito,
Senta aí.

§§§


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Pra ti guria


Quando iniciei este Blog, postei alguns poemas do eterno Jayme Caetano Braun, 
e hoje para eternizar o dia do dos namorados vou postar mais um dos belos poemas.



Pra ti Guria


Pra ti chirua clinuda
Dos ranchos de chão batido
Com babados no vestido,
Na orelha um galho de arruda,
Morena, Deus nos acuda.

Pra quem ama com eu amo
Estrela pampa proclamo
Nas horas de nostalgia
Eu te pergunto guria,
Porque não vens quando eu chamo?

Quando abraço esta cordeona
É como se te abraçasse,
É o mesmo que desejasse
Que tu fosses minha dona.
E o meu ser se condiciona
Ao teu carinhoso abraço
Chego a sentir um laçaço
Neste meu corpo franzino
Pois se te perco imagino
Que vou perder um pedaço.

Calandras e cotovia,
As palomas, as torcassas
Se alvorotam quando passas
Murmurando melodias,
E ao calor dos meio dias
Vão se acalmando os relentos
E até as guitarras dos ventos
Se entreveram à cordeona
Confirmando que és a dona
De todos meus sentimentos.

Vibram todas as escalas
Nos meus dedos tocadores
Rudes acariciadores
Das tuas tranças bagualas
No chão batido das salas
Com barbara bruxaria
E completando a magia
Deste teu tranco macio
Com gosto de pasto e rio
Eu canto pra ti guria.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Queria Que Você Estivesse Aqui


Queria Que Você Estivesse Aqui

(Wish you were here)


Pink Floyd


Então, então você acha que consegue distinguir
O paraíso do inferno?
Céus azuis de dor?
Você consegue distinguir um campo verde
De um frio trilho de aço?
Um sorriso de uma máscara?
Você acha que consegue distinguir?

Eles fizeram você trocar
Seus heróis por fantasmas?
Cinzas quentes por árvores?
Ar quente por uma brisa fria?
Conforto do frio por mudanças?
Você trocaria
Um papel de figurante na guerra
Por um papel principal numa cela?

Como eu queria
Como eu queria que você estivesse aqui
Somos apenas duas almas perdidas
Nadando num aquário
Ano após ano
Correndo sobre o mesmo velho terreno
O que encontramos?
Os mesmos velhos medos
Queria que você estivesse aqui

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Paralelo



Lembranças

" Fechei meus olhos e deixei meus pensamentos vagarem, mas vigiei pra que eles não fosse longe de mais. 
E não foram. 
Foram até o início do outono, quando eu finalmente o conheci, mas era estranho quando me lembrava dele, não pensava em sua roupa, no que ele fazia, nem de onde era, nem no que ele me dizia. 
Eu lembrava do seu perfume, do seu sabor, da pele dele roçando na minha, da nossa primeira vez.
Um leve arrepio percorreu meu corpo, abri meus olhos e senti o efeito entorpecente do álcool fazendo seu efeito, precisava de uma ducha e do meu edredom, o cansaço já era visível. 
Mas havia algo além disso, um sentimento que sufocava, era a saudade e não sabia lidar com esse sentimento, não agora."


(Trecho do Livro em andamento Paralelo.)

Por Iza Marloch

A Receita que nos dá Alegria


A Receita que nos dá Alegria



Jogue fora todos os números não essenciais para tua sobrevivência.

Isto inclui: idade, peso e altura.
Que eles preocupem ao médico. Para isto o pagamos.

Conviva, de preferência, com amigos alegres.
Os pessimistas não são convenientes para si.

Continue aprendendo.
Aprenda mais sobre computadores, artesanato, jardinagem, qualquer coisa.
Não deixe seu cérebro desocupado.
Uma mente sem uso é oficina do diabo.
E o nome do diabo é “Alzheimer”.

Ria sempre, muito e alto.
Ria até não poder mais. Inclusive de você mesmo!
Quando as lágrimas chegarem: chore, sofra e siga adiante.

Agradeça cada dia que amanhece como uma nova oportunidade para fazer aquilo que ainda não tiveste coragem de começar, do princípio ao fim.

Prefira novos caminhos do que voltar a caminhos mil vezes trilhados.
Apague o cinza de tua vida, e acenda as cores que carrega dentro de si.
Desperte os seus sentidos para que não perca tudo de belo e formoso que o cerca.

Contagie de alegria ao teu redor, e tente ir além das fronteiras pessoais a que tenhas chegado aprisionado pelo tempo.
Porém lembre-se: a única pessoa que te acompanha a vida inteira é você mesmo.

Cerque-se daquilo que gosta: família, animais, lembranças, música, plantas, um hobby, seja o que for.
O lar em que você vive é seu refúgio, porém não fique trancado nele.

Seu melhor capital, a saúde.
Aproveite-a se é boa, não a desperdice;
se não é, não a estrague mais.

Não se renda à nostalgia. Saia à rua.
Vá à uma cidade vizinha, a um país estrangeiro.
Porém não viaje ao passado porque, dói!

Diz aos que ama, que realmente os ama
e faça isso em todas as oportunidades que tiver.

E lembre-se sempre que a vida não se mede pelo número de vezes que respiramos, mas pelos momentos que teu coração palpitou forte:
de muito rir, de surpresa, de êxtase, de felicidade
e sobretudo, de amar sem medida.

Há pessoas que transformam o sol em uma pequena mancha amarela, porém há também as que fazem de uma simples mancha amarela, o próprio sol.

Pablo Picasso

Conheço esse Sentimento



Conheço esse Sentimento


Conheço esse sentimento
que é como a cerejeira
quando está carregada de frutos:
excessivo peso para os ramos da alma.

Conheço esse sentimento
que é o da orla da praia
lambida pela espuma da maré:
quando o mar se retira
as conchas são pequenas saudades
que doem no coração da areia.

Conheço esse sentimento
que é o dos cabelos do salgueiro
revoltos pelas mãos ágeis da tempestade:
na hora quieta do amanhecer
pendem-lhe tristemente os braços
vazios do amado corpo do vento.

Conheço esse sentimento
que passa nos teus olhos e nos meus
quando de mãos dadas
ouvimos o Requiem de Mozart
ou visitamos a nave de Alcobaça.

Pedro e Inês
a praia e a maré
o salgueiro e o vento
a verdade e o sonho
o amor e a morte
o pó das cerejeiras
tu.
e eu.

Rosa Lobato Faria, in 'Dispersos'

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O amor, meu amor

O Amor, Meu Amor


Nosso amor é impuro
como impura é a luz e a água
e tudo quanto nasce
e vive além do tempo.

Minhas pernas são água,
as tuas são luz
e dão a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não sofrer.

E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.

E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.

Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.

Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha própria espera.

Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir em ti.

E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho teu.

E levito, voo de semente,
para em mim mesmo te plantar
menos que flor: simples perfume,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.

Teus olhos inundando os meus
e a minha vida, já sem leito,
vai galgando margens
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar.

Mia Couto, in "idades cidades divindades"

O instante mágico



O instante mágico


É preciso correr riscos. Só entendemos direito o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça.

Todos os dias Deus nos dá – junto com o sol – um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que não percebemos este momento, que ele não existe, que hoje é igual à ontem – e será igual à amanhã.

Mas, quem presta atenção ao seu dia, descobre o instante mágico.

Ele pode estar escondido na hora em que enfiamos a chave na porta pela manhã, no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais. Este momento existe – um momento em que toda a força das estrelas passa por nós, e nos permite fazer milagres.

A felicidade às vezes é uma bênção – mas geralmente é uma conquista.

O instante mágico do dia nos ajuda a mudar, nos faz ir em busca de nossos sonhos. Vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, vamos enfrentar muitas desilusões – mas tudo é passageiro, e não deixa marcas. E, no futuro, podemos olhar para trás com orgulho e fé.

Pobre de quem teve medo de correr os riscos. Porque este talvez não se decepcione nunca, nem tenha desilusões, nem sofra como aqueles que têm um sonho a seguir.

Mas quando olhar para trás – porque sempre olhamos para trás – vai escutar seu coração dizendo:

“O que fizeste com os milagres que Deus semeou por teus dias? O que fizeste com os talentos que teu Mestre te confiou? Enterraste fundo em uma cova, porque tinhas medo de perdê-los. Então, esta é a tua herança: a certeza de que desperdiçaste tua vida”.

Pobre de quem escuta estas palavras. Porque então acreditará em milagres, mas os instantes mágicos da vida já terão passado.

Paulo Coelho

sábado, 18 de abril de 2015

Summer Wine





Summer Wine


Vinho de Verão



Strawberries, cherries and an angel's kiss in spring
My summer wine is really made from all these things

(Morangos, cerejas e o beijo de um anjo na primavera
Meu vinho de verão é realmente feito de todas essas coisas)

§

 I walked in town on silver spurs that jingled to
A song that I had only sang to just a few
She saw my silver spurs and said
Let's pass some time
And I will give to you summer wine
Hmm, summer wine

(Andei pela cidade com esporas de prata a tilintar
Uma música que cantei apenas para poucos
Ela viu minhas esporas de prata e disse
Vamos passar um tempo
E eu lhe darei vinho de verão
Hmm, vinho de verão)

§


Strawberries, cherries and an angel's kiss in spring

My summer wine is really made from all these things

Take off your silver spurs and help me pass the time
And I will give to you summer wine
Hmm, summer wine

(Morangos, cerejas e o beijo de um anjo na primavera
Meu vinho de verão é feito de todas essas coisas
Tire suas esporas de prata e me ajude a passar o tempo
E eu lhe darei vinho de verão
Hmm, vinho de verão)

§


My eyes grew heavy and my lips

They could not speak

I tried to get up but I couldn't find my feet
She reassured me with an unfamiliar line
And then she gave to me more summer wine
Hmm, summer wine

(Meus olhos ficaram pesados e meus lábios
Não puderam falar
Tentei levantar mas não conseguia encontrar meus pés
Ela me tranquilizou com uma fala desconhecida
E então me deu mais vinho de verão
Hmm, vinho de verão)

§

Strawberries, cherries and an angel's kiss in spring
My summer wine is really made from all these things
Take off your silver spurs and help me pass the time
And I will give to you summer wine
Hmm, summer wine

(Morangos, cerejas e o beijo de um anjo na primavera
Meu vinho de verão é feito de todas essas coisas
Tire suas esporas de prata e me ajude a passar o tempo
E eu lhe darei vinho de verão
Hmm, vinho de verão)

§

When I woke up the sun was shining in my eyes
My silver spurs were gone
My head felt twice it's size
She took my silver spurs, a dollar and a dime
And left me cravin' for more summer wine
Oh, oh, summer wine

(Quando acordei o sol brilhava em meus olhos
Minhas esporas de prata tinham sumido
Minha cabeça parecia duas vezes maior
Ela levou minhas esporas de prata, um dólar e dez centavos
E me deixou desejando mais vinho de verão
Oh, oh, vinho de verão)

§

Strawberries, cherries and an angel's kiss in spring
My summer wine is really made from all these things
Take off your silver spurs and help me pass the time
And I will give to you summer wine
Hmm, summer wine
Hmm, summer wine

 (Morangos, cerejas e o beijo de um anjo na primavera
Meu vinho de verão é feito de todas essas coisas
Tire suas esporas de prata e me ajude a passar o tempo
E eu lhe darei vinho de verão
Hmm, vinho de verão
Hmm, vinho de verão)

§§§

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Eu, modo de usar



EU, MODO DE USAR


Pode invadir
Ou chegar com delicadeza,
Mas não tão devagar que me faça dormir.
Não grite comigo, tenho o péssimo habito de revidar...
Toque muito em mim
Principalmente nos cabelos
E minta sobre a nocauteante beleza.
tenha vida própria, 
Me faça sentir saudades,
Conte algumas coisas que me fazem rir...
Viaje antes de me conhecer,
Sofra antes de mim para reconhecer-me...
Acredite nas verdades que digo
E também nas mentiras, elas serão raras
e sempre por uma boa causa.
Respeite meu choro,
Me deixe sozinha,
Só volte quando eu chamar e,
Não me obedeça sempre
que eu também gosto de ser contrariada
Então fique comigo quando eu chorar, combinado?
Me conte seus segredos...
Me faça massagem nas costas
Não fume,
Beba,
Chore,
eleja algumas contravenções.
Me rapte!
se nada disso funcionar...

Experimente me amar!