quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Ciúmes




O barulho incessante da chuva a bater no telhado está me atormentando nessa noite,  mal ouço as ondas. O mar que sempre se assemelha a mim,impaciente e revolto, hoje está calmo parece um imenso lago e é como se quisesse me dizer algo. Meu estomago se revira agonizante, ando de um lado ao outro da sala, os pensamentos teimam em voltar em um ponto exato de um passado não muito distante, um passado em que minhas noites eram mais tranquilas e que a única preocupação era:

- Será que essa noite vou vê-lo?

Fito a garrafa de rum que reluz com a luz fraca da lareira, mas luto contra esse desejo insano. Só vai piorar, e corro o risco de piorar as coisas. Da última vez as consequências foram quase devastadoras para mim mesma.

Balancei a cabeça afastando os pensamentos e um relâmpago iluminou toda a escuridão da sala e logo veio seu estrondo ensurdecedor, aumentando ainda mais a chuva. Caminhei até a imensa porta de vidro que dava acesso ao terraço, ao longe no horizonte a tempestade elétrica iluminava o mar. 

Era ele, tudo culpa dele, da fraqueza dele, do medo dele. Não era pra ser assim. Podia ter sido diferente se ele tivesse sido forte o suficiente pra dizer  " Fique, fique comigo, eu preciso de você...". Uma lágrima teimosa rolou pela minha face e logo estou em prantos e já nem me importo mais, ninguém pode me ouvir, a solidão é a minha única companhia essa noite. 

O sentimento que me corrói e me mata essa noite é o ciúme, amaldiçoo quem inventou esse sentimento desprezível que está consumindo meus pensamentos me levando a insanidade e que me tira até mesmo as palavras para descrever como me sinto neste lugar isolado chamado Rodanthe.

Queria te ter em meus braços, te amar até a exaustão afastando de ti qualquer possibilidade de sair da minha presença, saciando tua fome do meu corpo, te embriagando com minha intensidade e te cegando com a minha beleza singular, sem deixar escapatórias.

[...]





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